SINOPSE
Após incidente traumático durante uma
performance, Alice, em crise, volta para a casa de sua família. Ao mesmo tempo
em que retoma o contato com eles e seus comportamentos absurdos, ela vive uma
espécie de transe entre realidade e sonho. Entre os escombros dessa estrutura
familiar desconexa, ela se esforça para entender e assimilar o trauma,
colocando em questão suas motivações de viver e fazer arte.
Fora da Máquina de Lavar expõe o
convívio de uma família nada comum, como quem vasculha o cesto de roupa suja
alheia. É sobre a colisão de universos:
o familiar, o social, o artístico, a vida, a morte e ainda, o universo
interior de cada um. A máquina de lavar surge como metáfora da família e do
encontro. É a intersecção, o ponto de contato. É dentro dela que as roupas se misturam. Mas fora da máquina
as coisas são mais complicadas: a comunicação não se completa, os afetos se
atritam e a busca de si no outro resulta quase sempre em solidão compartilhada.
Fora da Máquina de Lavar gira,
principalmente, sobre a questão da perda e da falta que sentimos daquilo que
não nos pertence, mas que ainda assim nos define.
PERSONAGENS
ALICE é uma jovem artista. Tendo feito um pacto para uma performance suicida com sua melhor amiga BILLY, arrepende-se por ter desistido na última hora e a amiga não. Em seu delírio, Alice encontra-se com Billy e elas conversam sobre o que aconteceu. A presença de Billy tanto perturba e provoca quanto conforta, o que obriga Alice a confrontar a perda acarretada pelas suas escolhas no momento decisivo. Esses encontros com sua amiga, acontecem enquanto Alice está na casa de sua família.
O PAI é
tão distante que mal reconhece os filhos. Sua existência se dá através de sua
constante ausência. Sua participação só se torna possível sob a pressão de sua
mulher. A MÃE busca incessantemente a normalidade da família sem conseguir
enxergar o que, de fato, acontece ao seu redor. Parece não saber mais como
sentir prazer na vida e dedica-se à lavagem das roupas como quem se agarra ao
último fio de sanidade possível. Ao invés de agregar, separa os familiares como
separa as peças de roupa para lavar.
O FEIO é um dos irmãos de Alice. Filho do
meio. Um jovem agressivo, metódico e vingativo, cuja feiúra reside mais nos
atos e pensamentos do que na aparência propriamente dita. Ocupa-se com
culinária quando não está torturando o outro irmão, o LAGARTO. Este é o caçula,
que através do processo de body
modification pretende transformar-se num iguana. Para isso, recorre a todo
tipo de recurso enquanto vai vivendo, integralmente, sua ideologia. Já a avó,
VOLITA, parece sempre estar situada num lugar “entre”: entre idiomas (pois
apesar de morar no Brasil há décadas, não fala bem o português), entre épocas,
entre os outros familiares. É a única que parece notar o que se passa ao redor
e com Alice. Tem uma relação problemática com a Nora. Apesar disso, Volita
nutre um carinho especial pelo Lagarto, talvez por este estar se afirmando num
mundo do qual o resto da família não participa, talvez por este também estar
num lugar “entre”... o humano e o animal.
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