Este ano estamos comemorando 100 anos de John Cage e 50 anos de nascimento do FLUXUS. E ambos fazem parte do nosso processo, como material de estudo:
A performance consistia em enfaixar a Orquestra durante
o Fluxus Festival organizada por Yoko Ono em Carnegie Recital Hall em
1965.
*
Fluxus

Definição"Fluxus
não foi um momento na história ou um movimento artístico. É um modo de
fazer coisas [...], uma forma de viver e morrer", com essas palavras o
artista americano Dick Higgins (1938-1998) define o movimento,
enfatizando seu principal traço. Menos que um estilo, um conjunto de
procedimentos, um grupo específico ou uma coleção de objetos, o
movimento fluxus traduz uma atitude diante do mundo, do fazer artístico e
da cultura que se manifesta nas mais diversas formas de arte: música,
dança, teatro, artes visuais, poesia, vídeo, fotografia e outras. Seu
nascimento oficial está ligado ao Festival Internacional de Música Nova,
em Wiesbaden, Alemanha, em 1962, e a George Maciunas (1931-1978),
artista lituano radicado nos Estados Unidos, que batiza o movimento com
uma palavra de origem latina, fluxu, que significa fluxo,
movimento, escoamento. O termo, originalmente criado para dar título a
uma publicação de arte de vanguarda, passa a caracterizar uma série de performances
organizadas por Maciunas na Europa, entre 1961 e 1963. São elas que
estão na raiz de festivais - os Festum Fluxorum - realizados em
Copenhague, Paris, Düsseldorf, Amsterdã e Nice. De feitio internacional,
interdisciplinar e plural do ponto de vista das artes, Fluxus mobiliza
artistas na França - Ben Vautier (1935) e R. Filiou; Estados Unidos -
Higgins, Robert Watts (1923-1988), George Brecht (1926), Yoko Ono
(1933); Japão - Shigeko Kubota (1937), Takato Saito; países nórdicos -
E. Andersen, Per Kirkeby (1938); e Alemanha - Wolf Vostell (1932-1998),
Joseph Beuys (1912-1986), Nam June Paik (1932-2006).
As músicas de John Cage e Paik, comprometidas com a exploração de sons e ruídos tirados do cotidiano, têm lugar central na definição da atitude artística do Fluxus. Trata-se de romper as barreiras entre arte e não arte, dirigindo a criação artística às coisas do mundo, seja à natureza, seja à realidade urbana, seja ao mundo da tecnologia. Além da música experimental, as principais fontes do movimento podem ser encontradas num certo espírito anárquico de contestação que caracteriza o dadaísmo, nos ready-mades de Marcel Duchamp (1887-1968) e em sua crítica à institucionalização da arte, e na action painting de Jackson Pollock (1912-1956), com ênfase no processo de criação ancorado no gesto e na ação. As performances e os happenings, amplamente realizados pelos artistas ligados ao Fluxus, remetem a uma vigorosa tendência da arte norte-americana de fins dos anos 1950, por exemplo, aos trabalhos de Robert Rauschenberg (1925-2008) ligados ao teatro e à dança; às esculturas junk de David Smith e Richard Peter Stankiewicz (1922-1983), feitas da combinação de refugos e materiais descartáveis; e aos eventos de Allan Kaprow (1927), aluno de Cage em cursos em que o compositor combina idéias de Duchamp e Artaud com a filosofia zen-budista. As realizações do Fluxus justapõem não apenas objetos, mas também sons, movimentos e luzes num apelo simultâneo aos sentidos da visão, olfato, audição e tato. O espectador é convocado a participar dos espetáculos experimentais, em geral, descontínuos, sem foco definido, não-verbais e sem seqüência previamente estabelecida. Em 1957, Cage define a direção das novas produções artísticas: "Para onde vamos a partir de agora? Em direção ao teatro. Essa arte, mais que a música, liga-se à natureza. Temos olhos, assim como ouvidos, e é nossa tarefa utilizá-los".
As performances conhecem inflexões distintas, podendo adquirir tom minimalista ou acento mais teatral e provocador. Aquelas concebidas por Beuys na Alemanha se particularizam pelas conexões que estabelecem com um universo mitológico, mágico e espiritual. Nelas chamam atenção o uso freqüente de animais - por exemplo, as lebres em The Chief - Fluxus Chant, 1963, Copenhague -, a ênfase nas ações que conferem sentidos aos objetos e o uso de sons e ruídos de todos os tipos, num apelo às experiências anteriores à linguagem articulada e ao reino dos instintos que os animais representam.
No Brasil, alguns críticos apontam parentescos entre o Grupo Rex, criado em São Paulo por Wesley Duke Lee (1931-2010), Nelson Leirner (1932), Geraldo de Barros (1923- 1998), Carlos Fajardo (1941), José Resende (1945) e Frederico Nasser (1945), com o movimento fluxus. Integrantes do Fluxus estiveram presentes na 17ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1983, e têm uma ala dedicada à exposição de obras e documentos do grupo.
As músicas de John Cage e Paik, comprometidas com a exploração de sons e ruídos tirados do cotidiano, têm lugar central na definição da atitude artística do Fluxus. Trata-se de romper as barreiras entre arte e não arte, dirigindo a criação artística às coisas do mundo, seja à natureza, seja à realidade urbana, seja ao mundo da tecnologia. Além da música experimental, as principais fontes do movimento podem ser encontradas num certo espírito anárquico de contestação que caracteriza o dadaísmo, nos ready-mades de Marcel Duchamp (1887-1968) e em sua crítica à institucionalização da arte, e na action painting de Jackson Pollock (1912-1956), com ênfase no processo de criação ancorado no gesto e na ação. As performances e os happenings, amplamente realizados pelos artistas ligados ao Fluxus, remetem a uma vigorosa tendência da arte norte-americana de fins dos anos 1950, por exemplo, aos trabalhos de Robert Rauschenberg (1925-2008) ligados ao teatro e à dança; às esculturas junk de David Smith e Richard Peter Stankiewicz (1922-1983), feitas da combinação de refugos e materiais descartáveis; e aos eventos de Allan Kaprow (1927), aluno de Cage em cursos em que o compositor combina idéias de Duchamp e Artaud com a filosofia zen-budista. As realizações do Fluxus justapõem não apenas objetos, mas também sons, movimentos e luzes num apelo simultâneo aos sentidos da visão, olfato, audição e tato. O espectador é convocado a participar dos espetáculos experimentais, em geral, descontínuos, sem foco definido, não-verbais e sem seqüência previamente estabelecida. Em 1957, Cage define a direção das novas produções artísticas: "Para onde vamos a partir de agora? Em direção ao teatro. Essa arte, mais que a música, liga-se à natureza. Temos olhos, assim como ouvidos, e é nossa tarefa utilizá-los".
As performances conhecem inflexões distintas, podendo adquirir tom minimalista ou acento mais teatral e provocador. Aquelas concebidas por Beuys na Alemanha se particularizam pelas conexões que estabelecem com um universo mitológico, mágico e espiritual. Nelas chamam atenção o uso freqüente de animais - por exemplo, as lebres em The Chief - Fluxus Chant, 1963, Copenhague -, a ênfase nas ações que conferem sentidos aos objetos e o uso de sons e ruídos de todos os tipos, num apelo às experiências anteriores à linguagem articulada e ao reino dos instintos que os animais representam.
No Brasil, alguns críticos apontam parentescos entre o Grupo Rex, criado em São Paulo por Wesley Duke Lee (1931-2010), Nelson Leirner (1932), Geraldo de Barros (1923- 1998), Carlos Fajardo (1941), José Resende (1945) e Frederico Nasser (1945), com o movimento fluxus. Integrantes do Fluxus estiveram presentes na 17ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1983, e têm uma ala dedicada à exposição de obras e documentos do grupo.
* texto extraído do site: ENCICLOPEDIA ITAU CULTURAL : http://www.itaucultural.org.br
Outros links que podem interessar:
http://www.fluxus.org/
http://artecontemporaneacinema.wordpress.com/aula-1/fluxus/
http://libcom.org/library/dream-fluxus-george-macuinas
FLUXUS (download do PDF):
http://researchbank.swinburne.edu.au/vital/access/manager/Repository/swin:9624
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